sexta-feira, 13 de maio de 2011

Paciência .




        Paciência não é uma das minhas virtudes. Alguém sabia disso? Ou não sabiam? Ah, nem eu sei, toda vez que tento me classificar, faço a classificação errada. Eu sou ou não sou paciente?

        No fundo, nem importa agora. Sendo ou não, confesso; Poucas pessoas conseguiriam a proeza de ter a paciência que tenho demonstrado ter nas últimas semanas. Nem mesma eu sabia que conseguiria manter meu autocontrole por tanto tempo.

        Autocontrole? Autocontrole. Autocontrole. Autocontrole. Continue falando, continue mantendo, ele está quase se esvaindo, quase, quase...

        Ah! Cada telefonema negado, cada ligação desviada, cada recado desprezado... A raiva brinca. Provoca. Perturba. Vontade de jogar tudo pro alto. Autocontrole, paciência, bom censo, tudo que vier junto! Quando vejo tais recados então? Incomodaria menos se fosse uma traição, pelo menos eu ia ter sido traída. Nem disso posso reclamar...

        É um terror ter de viver nessa conformidade. Se conformar com a situação. Se conformar em esperar. Se conformar em não poder reclamar. Se conformar em não cobrar. Se conformar em demonstrar bom humor. Se conformar em saber que está errada. Se conformar em se conformar. Se conformar em pelo menos fingir estar conformada. Ah! O conformismo é terrível. Não deviam tê-lo inventado. Por que o ser humano tinha de ser tão complexo? Ou por que nós tínhamos de complexar tudo?

        Eu quero ligar e dizer: NÃO agüento mais esperar, NÃO agüento mais essa dúvida, NÃO agüento mais tudo. NÃO agüento mais nada. NÃO agüento mais fingir que ainda agüento alguma coisa. Aí me vem algo à cabeça: Eu posso até ligar, mas nem vão me atender mesmo. Não sei se essa recordação ajuda ou atrapalha. A verdade mesmo é que estou à beira do precipício, bem pertinho da desistência.

        Mas não vou desistir. Não cheguei até aqui por nada. Se cheguei é porque estou disposta e se estou disposta... Ah... Se estou disposta eu vou até o fim. Não vou até minhas forças não agüentarem mais. Elas já não agüentam. Eu vou até saber que eu não preciso agüentar mais nada. Eu vou até acabar. Acabar. Literal ou metaforicamente. O importante é saber o que realmente acaba. É não precisar somar culpas na minha lista particular, mais conhecida como consciência. A primeira já basta. O que importa, é ter nessa mesma consciência a culpa revogada, a sentença cumprida. Se após isso, o caso será absolvido pelo juiz, cabe unicamente a ele decidir. O réu reúne provas, se comporta de forma adequada, faz tudo que suas limitações permitem. Abrir uma brecha ou não no cárcere depende das limitações e objeções do juiz. Juízes também têm limitações. Juízes também já foram réus.
 
        Já disse Mahatma Gandhi: “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”, eu não vou me privar da luta, ela paga por ela mesma. O juiz que determine sua sentença. Ele não vai ser juiz para sempre, muito menos eu serei sempre réu.

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