Ser mãe é a maior dádiva que uma mulher pode obter em toda a sua vida. Algo mais bonito que ver o ventre de uma mulher crescendo notavelmente à medida que seu filho cresce dentro dele? Nove meses depois, ter aquela criaturinha em mãos. Reconhecer nela os próprios traços, ver nela o retrato do amado. Ah, algo mais bonito do que isso? Passar horas e horas pensando em qual nome ela terá, qual roupa usará. E a decoração do quarto? Cada detalhezinho, cada brinquedo. O berço. O carrinho. Ah, é tudo tão lindo.
Amamentar pela primeira vez. Aquela criança precisa do seu leite, do seu carinho. Aquela criança é sua. Será sempre sua e será sempre uma criança.
A primeira palavra, a primeira refeição. A primeira vez que você troca a fralda. Ela te acorda todas as noites. Ela te reconhece. Tão pequena, mas reconhece.
Algo mais bonito?
Mas e quando você não quer essa criança? Quando você não tem condições de ter essa criança? Quando você não tem quem te apóie? Quando o pai foge? Quando sua mãe não aceita? Quando ninguém aceita? Quando te apontam? Quando te julgam? E aí, aborto seria a solução?
Polêmico o tema. Muitas pessoas diriam que sim. Outras muitas que não. A opção de Madre Teresa de Calcutá foi o não. Ela disse: "Se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo sua própria criança, como nós podemos dizer para outras pessoas
que não matem uns aos outros?..." Você que respondeu sim a primeira questão, provavelmente é contra o homicídio, então por que ainda é a favor do aborto? Já tinha olhado por esse ponto de vista?
Talvez agora realmente as situações não sejam as melhores para se por um filho no mundo, mas já pensou se não conseguir nunca mais o por? E mesmo que queira justamente isso, sabe realmente qual papel essa pessoa ainda desconhecida desempenharia na sua vida? E se você precisasse de alguém e só ela fosse ao seu socorro? Ficaria sozinha. E quando você se der conta de que é uma assassina, já pensou nisso também? Conseguiria viver com essa culpa?
Depois da tempestade, vem sempre a colheita. Você realmente vai se privar de ter aquela criança envolta em seus braços? E você vai privá-la de reconhecer a vida? Vai lhe negar isso?
A sociedade em si costuma apontar os pais, homens, aqueles que abandonam o filho ainda no período intra-uterino, como verdadeiros abutres. Indignos. Não que a sociedade esteja errada, é mesmo um feito indigesto esse abandono, porém, o filme "As mães de Chico Chavier", assim como a Madre Teresa de Calcutá, levantou um ângulo diferente do comum a essa questão. Fez pelo menos uma relação que não costuma ser feita.
Uma mulher que pratica o aborto é tão egoísta quanto o homem que a abandona grávida. Ambos pensam apenas em si. Nenhum na criança que fizeram juntos. Se a mulher pudesse fugir, então não teria fugido? A diferença é que o feto está em sua barriga, sua única forma de fuga foi o aborto.
Há logicamente uma diferença entre os casos. O homem abandonou não uma, mas duas pessoas. Isso não diminui, porém a parcela igualitária de culpa da mulher é só mais um ponto a se pensar.
O certo mesmo seria que as mulheres se cuidassem. O certo seria que seus parceiros as estimulassem a se cuidar. O certo seria que num descuido o homem não abandonasse a mulher. E que com o abandono a mulher não abortasse.
O certo seria que não existisse o aborto. O certo seria que uma grávida nunca fosse condenada. Ela está grávida, não precisa de julgamento, precisa de apoio.
O certo seria que todos sempre vissem uma criança como uma dádiva. Uma criança é uma dádiva! Se não agora, com certeza daqui a pouco.
O certo seria que as crianças viessem no momento certo e que se não assim viessem fossem recebidas da mesma forma.
Ah, o certo seria curtir esse momento tão sublime na vida de uma mulher como se deve curtir. Cada momento, cada chute, cada enjôo, cada desejo. Cada contração, cada grito. Cada detalhe.
O certo seria que as pessoas se dessem conta de que aquela criança é a promessa do futuro e que aquele futuro jamais seria igual sem ela.
O certo seria que todos pudessem perceber que já foram uma dessas crianças, e se suas mães não tivessem seguido em frente, com obstáculos ou não, não teriam nem a oportunidade de perceber isso.
Ser mãe é ter no alheio lábio que suga, o pedestal do seio, onde a vida, onde o amor, cantando, vibra. Ser mãe é o que há de mais bonito nesse mundo. Ser pai é poder compartilhar dessa beleza. Ser filho é ter tudo isso destinado a si. Como pode alguém recusar outrem de ser filho e se recusar a ser mãe? Há o que se refletir.